Ontem, 07/05, apenas uma dúzia de pessoas se aventurou ao centro da cidade, para assistir o filme sobre o Kurt Cobain. O filme tem um tom melancólico que o percorre desde o início, com um longo travelling aéreo sobre uma cidade, desde o mar, enquanto escutamos a voz do falecido líder do Nirvana, em off, sem nunca vermos seu rosto, apenas no final, quando, junto com uma legenda escrita conta que Kurt se suicidaria um ano após a gravação das entrevistas, são mostradas algumas fotografias da banda em ação e de seu cantor. Creio que não há músicas do Nirvana na trilha, mas apenas sons de bandas que o líder da banda curtia, ou admitia como influência.
Além de estarmos em reduzido número (e dos restos da euforia pelo time de futebol da cidade ter conquistado o campeonato estadual, pouco mais cedo), mesmo tendo, pela primeira vez conseguido fazer o filme começar no horário marcado – eram 19:02 quando finalmente o dvd foi solto, ao contrário das outras vezes, em que ficamos esperando chegar mais público para começar, o que já atrasara o início da exibição em pelo menos uma hora, outras vezes – por volta de 20:00 começaram a entrar pessoas que visivelmente nada tinham a ver com o filme exibido, muito menos com a música em geral: estavam lá esperando a sessão seguinte, com Brasileirinhas, cujo cartaz já estava afixado na bilheteria do cinema.
Uma dessas pessoas (todos homens, na casa dos 50 anos), talvez embriagado, xingou em voz alta durante os 20 minutos finais, gritando que ‘aquilo’ (o filme sobre Kurt Cobain) ‘não era filme’, ‘isso não é cinema’, incomodando os poucos que havíamos nos atrevido a sair de casa para ver ou rever o belo filme de AJSchnack. Felizmente, ninguém respondeu ao cidadão, e todos saímos em paz para nossos destinos posteriores (acho que nenhum ‘dos nossos’ ficou para conferir o Brasileirinhas da vez, que, por seu lado, tinha um cartaz de propaganda até bem interessante).
Mesmo assim, o incidente faz-nos compreender que o papel do Cine-Rock, ali no Cine Triunfo, nos sábados à noite, parece estar chegando ao seu fim, tanto no sentido de ter cumprido sua finalidade, como no de término de atividades mesmo. Foram colocados em contato pessoas e universos distantes: tanto de alguns dos amantes da música e do cinema da cidade, que nunca haviam, entretanto, adentrado a sala de exibição, como especialmente aproximando a Universidade Federal de Alagoas do proprietário da última sala de cinema no interior de Alagoas.
Feitos os contatos preliminares, cumpre agora a UFAL, através de sua Pró-Reitoria de Extensão, conversar com os proprietários do local, e ver da possibilidade concreta de uma parceria em regime de comodato que vise adequar o local para exibições regulares e diárias, com programação própria feita pela academia, voltada para as famílias arapiraquenses.
Ainda assim, programei, para a provável última sessão do Cine-Rock, o filme ‘Botinada: a origem do Punk no Brasil’, para o próximo sábado, 14/05, coincidindo aliás com o Festival de rock Maionese 2011, em Maceió, acreditando que o público poderá ser ainda menor (eu, pelo menos, tentarei estar também na capital, ao menos no sábado, já que sexta aqui é dia de aula normal. Programação em http://popfuzz.com.br/headline/festival-maionese-2011/), embora vá, pessoalmente, continuar a divulgar o filme agora também em mais guetos roqueiros, com filipetas baratinhas (confio muito mais no convite real de papel que no virtual, via Twitter, Orkut etc), para chamar a atenção inclusive dos citadinos que não curtem nem música nem cinema, para o problema da sala do Cine Triunfo, que precisa ser ajudada devidamente pelo poder público (no caso, o Federal, já que o município, como reza sua Agenda21 (ver comentários no blog www.filosofandonacopa.blogspot.com), se comprometeu a não fazer nada pela Cultura em Arapiraca até 2018.
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“Eran tantos los que faltaban, que, si falta uno más no cabe.”
(FERNÁNDEZ, Macedonio. “Para una teoría de la humorística”. In: Papeles de Recienvenido: continuacción de la nada. Buenos Aires: Editorial Losada, 1944, p.242.)
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